segunda-feira, 19 de julho de 2010

Entenda o que é uma pneumonia e conheça os seus sintomas Leia mais: http://www.mdsaude.com/2009/02/quais-sao-os-sintomas-da-pneumonia.html#ixzz0u9kDZ

Pneumonia é o nome que damos a infecção do pulmão. Para ser mais preciso, a pneumonia é a infecção dos tecidos pulmonares e seus alvéolos.

Mas o que são os alvéolos ?

Veja a figura abaixo. O ar que respiramos entra pelo nariz/boca e vai para a traquéia. A traquéia se bifurca e forma os brônquios principais esquerdo e direito. Estes se bifurcam mais vezes e formam os bronquíolos, que por fim acabam nos alvéolos.

pulmão - anatomiaOs alvéolos são cavidades microscópicas que ficam em contato com o sangue. Através deles são feitas as trocas dos gases. É no alvéolo que o oxigênio respirado chega nas hemácias.

Na pneumonia, o alvéolo que deveria ter apenas ar, fica cheio de secreções purulentas, impedindo seu funcionamento. Nestes alvéolos não há troca gasosa.

Quantos mais alvéolos acometidos, mais extensa é a pneumonia e mais grave é o quadro.

Mas como se pega pneumonia ?

Na verdade, pegar não é termo mais apropriado, uma vez que este passa a idéia de transmissão da doença entre indivíduos.

A pneumonia pode ser causada, em ordem decrescente de frequência, por: bactérias, vírus, fungos e parasitas.

Nosso pulmão é exposto constantemente a micróbios do ar e da nossa própria flora da boca. Nós não ficamos doentes o tempo todo porque o pulmão tem seus mecanismos de defesa, que incluem as células do sistema imune e microscópicos cílios na árvore brônquica que "varrem" os agentes invasores para fora das vias respiratórias.

pneumoniaO desenvolvimento da pneumonia depende da virulência do invasor, da quantidade de micróbios que conseguem chegar aos pulmões e das condições imunológicas do paciente.

Ilustração: Pneumonia - clique na imagem para ampliá-la -»»

Imagine um doente com nível de consciência reduzido, que perde a capacidade de tossir ou de engolir a própria saliva. A via aérea desta pessoa está exposta a uma quantidade imensa de secreções e micróbios, favorecendo o desenvolvimento de pneumonia. Um exemplo comum é alguém que bebeu muito e está em coma ou pré-coma alcoólico.


Um tipo gravíssimo de pneumonia é a por aspiração. Ocorre em pessoas que vomitam e aspiram o seu conteúdo.

Pacientes que fumam apresentam um irritação constante de toda árvore brônquica e disfunção dos cílios protetores. As células de defesa pulmonar também não funcionam tão bem. Tudo isso favorece o aparecimento de infecções.

Os principais fatores de risco para pneumonia são:

- Idade maior que 65 anos
- Tabagismo (leia:
DOENÇAS RELACIONADAS AO CIGARRO / TABAGISMO)
- Doenças imunossupressoras ( HIV, transplante, câncer ...)
- DPOC (bronquite crônica e enfisema pulmonar) (leia:
DPOC - ENFISEMA E BRONQUITE CRÔNICA)
- Usuários de drogas
- Doentes acamados
- Doentes com redução do nível de consciência
- Hospitalizações prolongadas
- Doentes em ventilação mecânica
- Doentes com outra doença pulmonar prévia

Quais são os sintomas da pneumonia ?

A clínica do doente com pneumonia inclui tosse com expectoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito quando se respira fundo, vômitos, perda de apetite, prostração e dores pelo corpo. Pode haver presença de sangue misturado ao escarro (leia:
TOSSE E ESCARRO COM SANGUE ). A febre da pneumonia é caracteristicamente alta.

Uma das complicações da pneumonia é a formação de derrame pleural (leia:
DERRAME PLEURAL - Tratamento, sintomas e causas).

Pacientes idosos podem apresentar um quadro mais frustro, com pouca tosse e nenhuma febre. Às vezes a pneumonia neste grupo se apresenta apenas com prostração e alterações mentais como desorientação e confusão mental.

Nas pneumonias extensas, quando grande parte do tecido pulmonar está acometido, o paciente pode entrar em insuficiência respiratória, sendo necessária a entubação orotraqueal, ventilação mecânica e internação em unidade de terapia intensiva (UTI) (leia:
ENTENDA O QUE ACONTECE COM OS PACIENTES NA UTI).

Muitos pacientes com tosse e expectoração ficam com medo de ter tuberculose. A diferença está no tempo de evolução da doença. A pneumonia evolui em horas e o paciente fica mal com pouco tempo de doença. Em 24-48 horas o doente procura atendimento médico. A tuberculose se apresenta como um quadro mais arrastado, com os sintomas piorando gradativamente e o paciente muitas vezes só procura atendimento médico várias semanas depois do início dos sintomas.

Diagnóstico da pneumonia

O diagnóstico da pneumonia é feito normalmente com exame físico e uma radiografia de tórax. Análises de sangue podem ajudar, mas não são imprescindíveis. Um bom clínico é capaz de diagnosticar uma pneumonia apenas com a história e o exame físico.

A radiografia, por ser um exame barato e amplamente disponível, é normalmente solicitada para confirmação do diagnóstico. Os alvéolos cheios de secreção aparecem como uma mancha branca no RX, como se pode ver na foto abaixo.

pneumonia - radiografia
O hemograma do paciente com pneumonia apresenta uma grande elevação do número de leucócitos, típico de infecções bacterianas (leia: ENTENDA OS RESULTADOS DO SEU HEMOGRAMA).

Nos pacientes mais graves, que necessitam de hospitalização, normalmente tentamos identificar qual a bactéria responsável pela pneumonia. Podemos pesquisar a bactéria no sangue (através da hemocultura) ou no próprio escarro do paciente. Em casos selecionados pode ser necessário a coleta de secreções diretamente do pulmão, através da broncoscopia.

Tratamento da pneumonia

As pneumonias são divididas em comunitárias e hospitalares. Sendo a última mais grave e mais difícil de tratar.

O tratamento das pneumonias bacterianas é feito com antibióticos por no mínimo 8 dias. A decisão de se internar ou não, é do médico e varia de acordo com cada caso. Em geral, leva-se em conta as condições clínicas do paciente e a extensão da pneumonia.

As principais drogas usadas para as pneumonias comunitárias são a amoxacilina, azitromicina, claritromicina, ceftriaxone, levofloxacina e moxifloxacina. Espera-se sinais de melhora a partir do 3º dia de tratamento.

Pneumonias são causas comuns de sepse ( leia:
O QUE É SEPSE / SEPSIS E CHOQUE SÉPTICO ?) e costumam ser importante causas de morte em idosos e imunossuprimidos.

Já existe vacina contra a pneumonia estreptocócica, causada pelo Streptococcus pneumoniae, o tipo mais comum. Ela está indicada em pessoas acima dos 50 anos, mas não evita pneumonias causadas por outros germes.

Pegar frio causa pneumonia ?

A história do frio é muito difundida na população, mas apresenta apenas uma pequena parcela de verdade. Como eu já expliquei, para se ter pneumonia é necessário uma infecção bacteriana e não basta uma corrente de ar frio para nos infectar.

O que acontece é que no frio - e no Brasil poucos lugares fazem realmente frio - o sistema de defesa, principalmente os cílios das vias aéreas, funcionam de modo mais lentificado o que favorece a invasão de germes.

No inverno as pessoas andam menos na rua e tendem a se aglomerar em locais fechados, o que favorece a transmissão de vírus como o da gripe (leia:
DIFERENÇA ENTRE GRIPE E RESFRIADO). Infecções respiratórias virais favorecem, principalmente em idosos, o aparecimento de pneumonia.

Agora, ninguém pega pneumonia porque abriu a geladeira com o corpo molhado ou porque pegou uma chuva saindo do trabalho ou do colégio.




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